Um fator delicado de se trabalhar, pois os pais podem exercer um papel negativo na formação do seu filho como indivíduo e como atleta. Diversas questões podem interferir na formação e no rendimento dos atletas, e pelo momento que da vida que se encontram, como crianças e adolescentes, precisam ser amparados devidamente pelos pais e contar com profissionais que deem suporte para intervir sempre que possível. Devemos observar, que estes atletas, levando em consideração suas características individuais, subjetividades e as competições que disputam, ficam sujeitos ao aparecimento de diversos sentimentos e emoções, como ansiedade, medo e estresse. O estresse, no atleta em formação, pode ser representado por um desequilíbrio entre demandas físicas e psicológicas. Neste caso falamos especificamente do distress, onde os prejuízos seriam de ordem comportamental (como falar rapidamente, balançar os pés e etc), físico (sudorese, tensão muscular, aumento da frequência cardíaca, etc) e mental (ansiedade, problema de concentração, medo, etc). Existem diversos fatores que podem influenciar no rendimento e nos níveis de estresse, como a experiencia, o gênero, as condições do ambiente e outros fatores, como a influência dos pais. Os atletas devem estar devidamente preparados para lidar com qualquer tipo de demanda que possa surgir no esporte de alto rendimento, visto que diversos tipos de pressões, exigências e outras questões que fazem parte do cotidiano destes atletas (Brandão, 2000). Quando diversos fatores como, poucas horas de sono, tensões e fadigas físicas e emocionais, começam a influenciar os atletas nos momentos competitivos, pode haver decréscimo na sua performance. Muitas vezes estas questões são deixadas de lado pelos técnicos e preparadores físicos. As interferências dos pais no contexto esportivo podem provocar alterações nos níveis de estresse e ansiedade dos atletas, apresentando-se através do nervosismo, preocupação, tensão muscular, desequilíbrio cognitivo, problemas de concentração e atenção, desencadeando prejuízos no desempenho e rendimento do atleta. A participação dos pais é absolutamente normal, visto que estão diretamente relacionados, pois são responsáveis pela alimentação, compra de materiais esportivos, escolha e pagamento dos locais de treinamento, dentre outros fatores. Porém existe uma diferença entre participação e interferência este contexto. Alguns pais esquecem que o atleta em formação está em processo de aprendizado e passam a se preocupar somente com títulos. Não deixando de comentar que a grande maioria dos pais jogam todas as suas expectativas e frustrações sobre seu filho, acarretando uma sobrecarga ainda maior na criança ou adolescente. Os pais acreditam, muitas vezes, que o fato de criticarem as atuações dos filhos pode ser algo positivo durante um treinamento ou competição, mas dependendo de como é realizada esta crítica (através de uma expressão agressiva, por exemplo), as alterações são negativas, visto que interferem na autoimagem das crianças, podendo conduzir o fracasso. (Machado et al, 1997) A interferência dos pais no contexto esportivo, pode gerar respostar negativas, evidenciando desta forma a necessidade de ter um olhar adequado sobre esta relação. O pais estarem presentes no cotidiano esportivo dos filhos e os acompanharem nas competições, pode ser motivador para os jovens, porém precisam também ter um entendimento que o esporte é também um processo educacional, não somente competitivo. As cobranças excessivas para que seus filhos aumentem seu rendimento, desempenho e obtenham bons resultados pode ter consequências negativas (Machado, 1994). Os pais sempre pensam ou almejam que seus filhos sejam atletas profissionais, o que é esperado, visto que os pais sempre desejam o melhor para seus filhos, no entanto isto pode se tornar negativo quando os pais passam a considerar que seus filhos tem a obrigação de vencer, e associam a vitória ou a derrota com o sucesso dos seus filhos no processo esportivo. Muitas vezes pais que são ex-atletas, frustrados ou não, jogam uma pressão maior no filho, transmitindo a “responsabilidade ou missão” aos seus filhos, para que eles consigam realizar seus anseios, fazendo com que seu filho acabe abandonando a modalidade praticada. A proximidade afetiva dos pais com os atletas, aliados aos poderes de “autoridade”, que exercem como pais, passam a ser torcedores mais ácidos, visto que se dão o direito de insultar, gesticular e ter uma série de outras condutas que podem ser nocivas para os filhos, prejudicando-os com relação aos técnicos e podendo inclusive gerar problemas de coesão grupal (Machado, 1998). Outro fator é que em muitos casos, apesar dos pais desejarem que seus filhos continuem jogando, devido o seu bom rendimento, raramente acompanham os treinamentos de seus filhos, o que ocorre no treinamento, se preocupam pouco com o processo e muito com o resultado, fazendo cobranças excessivas, sem buscar saber o que realmente aconteceu para acarretar uma queda no rendimento do filho na modalidade esportiva praticada. O apoio dos pais é muito importante, mas não devemos esquecer que os pais devem ser devidamente aconselhados com relação ao modo como devem auxiliar seus filhos, neste momento, para que não ocorra um reflexo mais negativo do que positivo na intervenção ou participação dos mesmos. Fonte: Verzani, R. H; Morão, K. G; Tertuliano, I. W; Serapião, A. B. S; Machado, A. A. Relações conflituosas no esporte de base: olhar sobre os pais. EFDesportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 21, Nº 219, Agosto, 2016
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